A sustentabilidade sempre foi um tema importante na minha vida, mas quando comecei a estudar na universidade, no curso de Design de Moda, ainda não tinha consciência ambiental e social naquilo que se relacionava com a moda. Não sei se é normal, se é uma área fácil de ignorar quando pensamos num estilo de vida mais sustentável. Tive o meu momento de descoberta, aquele momento em que me fez o clique para ter a certeza que não queria contribuir para uma indústria que estava a destruir o planeta e que não considerava o bem-estar das pessoas, quando vi o documentário The True Cost. Que cliché… mas, realmente, foi um abrir de olhos para alguns dos impactos que esta indústria tem no mundo. É o que acontece quando o dinheiro fala mais alto do que o propósito.
Entretanto, fui focando o meu estudo na área da sustentabilidade têxtil, tendo até escrito a minha dissertação de mestrado com o título “Marcas de moda sustentável: as marcas e a sustentabilidade social“, publicando um artigo no mesmo tema.
E quais são as estratégias que a HALI Studio tem para tornar o seu impacto menor?
Só faço uma coleção anual, com peças adequadas às diversas estações, estando todas as peças disponíveis no website, reduzindo o incentivo ao consumo desenfreado. Ainda neste tema, não adiro a promoções de incentivo como à Black Friday.
Os materiais são cuidadosamente selecionados. “Mas usam materiais como poliéster, como é que isso é sustentável?” Utilizo materiais de deadstock, compro aqueles materiais que já não têm utilidade para as empresas e para as marcas. Estes materiais podem ter qualquer composição, o objetivo é impedir o desperdício e que estes materiais sejam considerados lixo; para isso são escolhidos os materiais com quantidades mais pequenas, que têm menos probabilidade de ser comprados por outras marcas pequenas. É por este motivo que as peças HALI Studio são muito limitadas.
Além dos materiais de deadstock, utilizo algodão orgânico (nas t-shirts, sweats e calças desportivas) e linho certificado. As etiquetas utilizadas são de algodão, sem tingimento (a de marca) e de poliéster reciclado (a de composição).
Tenho muita atenção aos restantes materiais, que não são têxteis, como fechos e botões. Além de serem de fornecedores portugueses, aposto na inovação, escolhendo botões diferentes e interessantes neste âmbito, como botões de poliéster reciclado ou de algodão reciclado, ou até de subprodutos da indústria alimentar.
Aconselho sempre que as peças sejam lavadas com recurso a um saco de retenção de microfibras.
As tote bags são o único produto que não é 100% produzido em Portugal, sendo que o saco é confecionado na China e estampado em Portugal. E como garanto que o saco é confecionado dentro dos padrões da HALI Studio? Aposto na compra de materiais e produtos certificados, de forma a termos controlo nos padrões de produção. Assim, as tote bags são certificadas e produzidas em algodão orgânico.
Mas a sustentabilidade não é só produção, é mais do que isso. É a estratégia de design, onde aposto na criação de produtos o mais versáteis possíveis e intemporais, não são seguidas “modas e tendências”. É roupa feita para durar, seja na qualidade do produto, seja no design do mesmo.
Sobre a comunicação, a HALI Studio pretende ser, também, um espaço de informação sobre a indústria, produção têxtil e sobre moda sustentável.
A HALI Studio é 100% sustentável? Claro que não! Mas também, o que é ser 100% sustentável? Todos os dias há novos desafios e há coisas que quero fazer melhor. O objetivo é ser todos os dias um pouco mais sustentável!
Inês